terça-feira, 29 de maio de 2007

O velho moinho de vento


Aí estás tu
Velho moinho
Testemunha silenciosa e esquecida,
De tempos que já não voltam,
Passando despercebido
Aos olhares distraídos,
De quem todos os dias
Passa por ti indiferente

Conta-me velho moinho:
Quantas bocas a tua farinha alimentou?
Quantas vezes serviste
De inspiração para juras de amor eterno?
Quantos poetas escreveram
Na tua sombra?

Conta-me velho moinho:
Quanto tempo mais
Irás resistir ao despreso,
Daqueles que podia fazer algo,
Algo que mantivesse acesa
As memórias de outros tempos

Tempos em que ao sabor do vento
As tuas pás giravam,
Numa alegria de quem é importante,
Numa alegria de quem faz parte
De toda uma história,
Da minha bela cidade.
(Xena)

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Renascer



Ontem era anjo
De asa caída,
Eu queria voar
Mas sentia-me perdida.

Hoje sou pássaro,
Vejo-me a voar,
Pois sinto-me livre
Na imensidão do teu olhar.

Ontem era criança
Que vivia na escuridão,
Mulher mal amada
Que vivia na solidão.

Hoje sou deusa,
Sou musa inspiradora,
De um sentimento nobre
Que não conheci outrora.

Renasço em ti,
Como princesa enamorada,
Por experimentar a sensação
De saber que sou amada.

(Xena)

terça-feira, 22 de maio de 2007

Amor


"O Amor é um sentimento quase indefinível, pois não observa lógica nenhuma. De repente, sentimos que existe algo em alguém que nos atrai. Sentimo-nos bem apenas em pensar nesse alguém. E jamais conseguiremos saber o porque."

(Crisalis)

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Dragões na nossa vida


Todos os dragões da nossa vida são talvez princesas que esperam ver-nos um dia belos e corajosos. Todas as coisas aterradoras não são mais, talvez, do que coisas indefesas que esperam que as socorramos.
(Rilke)

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Encruzilhada


Tenho vaguedado perdida
Por uma estrada de solidão
Como uma deusa esquecida
Que perdeu o coração

Ao avistar uma pequena luz
Vi-me livre do meu tormento
Mas do passado voltaste
E lembraste o meu sofrimento

Hoje estou perdida
No meio da encruzilhada
Espero que um anjo me indique
Qual será a melhor estrada

Tanto que sonhei um sinal teu,
Mas porque decidiste voltar agora
Neste momento em que encontrei a luz
Que levará a solidão embora.
(Xena)

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Raio de Sol


Tenho diavagado distraida,
Em pensamentos,
sobre uma estrela perdida
Iludida no fundo de um vale
Pensei ver o sol

Mas eu estava a ver mal,
Eu estava encantada
Por uma luz artificial.

Com o nascer do novo dia,
O vale clareou,
E veio um raio de sol
Que a bela luz ofuscou.

Agora vejo com clareza,
Quanto de ingénua eu fui,
Por me ter encantado,
Por uma luz de tão fraca beleza.


(Xena)

quarta-feira, 9 de maio de 2007

A TUA VOZ NA PRIMAVERA


Manto de seda azul, o céu reflete
Quanta alegria na minha alma vai!
Tenho os meus lábios úmidos: tomai
A flor e o mel que a vida nos promete!

Sinfonia de luz meu corpo não repete
O ritmo e a cor dum mesmo beijo... olhai!
Iguala o sol que sempre às ondas cai,
Sem que a visão dos poentes se complete!

Meus pequeninos seios cor-de-rosa,
Se os roça ou prende a tua mão nervosa,
Têm a firmeza elástica dos gamos...

Para os teus beijos, sensual, flori!
E amendoeira em flor, só ofereço os ramos,
Só me exalto e sou linda para ti!


(Florbela Espanca)

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Ying-Yang

É na Luta entre o bem e o mal que se encontra o equilibrio.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Voz que se cala


Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.

Amo a hera que entende a voz do muro
E dos sapos, o brando tilintar
De cristais que se afagam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.

Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!

Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino! ...

(Florbela
Espanca)