terça-feira, 27 de março de 2007

Horas Rubras



Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...


Oiço as olaias rindo desgrenhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p'las estradas...


Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...


Sou chama e neve branca e misteriosa...
E sou, talvez, na noite volumptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

(Florbela Espanca)

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