terça-feira, 19 de junho de 2007

Navio naufragado


Vinha de um mundo
Sonoro, nítido e denso.
E agora o mar o guarda no seu fundo
Silencioso e suspenso.



É um esqueleto branco o capitão,
Branco como as areias,
Tem duas conchas na mão
Tem algas em vez de veias
E uma medusa em vez de coração.



Em seu redor as grutas de mil cores
Tomam formas incertas quase ausentes
E a cor das águas toma a cor das flores
E os animais são mudos, transparentes.



E os corpos espalhados nas areias
Tremem à passagem das sereias,
As sereias leves dos cabelos roxos
Que têm olhos vagos e ausentes
E verdes como os olhos de videntes.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)

2 comentários:

Anónimo disse...

começo a gostar mais dos teus "poemas e reflexões" do que dos outros "diversos autores" ... e não é graxa:)

fica bem

noche

Paulo costa disse...

este fez-me lembrar o filme dos piratas das caraibas :)