quarta-feira, 13 de junho de 2007

Saudade


- Bom dia Pai, como estás? Não respondes pai?
Faz neste instante cinco anos, que perante a mais crua e fria das realidades, foram as unicas palavras que consegui pronunciar.

Não gritei, nem chorei, apenas fiquei incrédula e queria a todo o custo uma resposta tua.

Insisti novamente.
- Pai por favor responde?
Mas cheguei tarde demais para obter qualquer resposta... O tempo já te tinha esfriado, os teus lábios não tinham cor, os teus olhos haviam perdido a expressão.

Mas porquê, meu deus? Porque teve que ser assim?

Naquele instante não gritei, mas hoje sinto um grito preso no meu peito, um grito de revolta.
Será que o meu destino era mesmo ser a ultima pessoa a fumar um cigarro na tua companhia?

Num dia em que não era previsto ir à tua casa, eu fui foi como se o destino me tivesse empurrado a ir lá. Para no fim do nosso cigarro, quando eu me preparava para ir embora, tu me pedires um abraço, foi um longo e terno abraço que sempre que me lembro é como se o sentisse outra vez, o nosso ultimo abraço, o ultimo beijo que te dei quando a tua face ainda era rubra, os teus lábios tinham cor, o teu olhar acusava uma alegria contagiante, como se estivesses a nascer de novo.

E era pai, era o teu renascer e o renascer de um relação cansada de desentendimentos que tivemos toda a vida.

Porque perdemos tantas horas com discussões, sem fundamento? Porque nos afastámos semanas a fio, apenas por orgulho? quando por vezes eu apenas queria dizer que tu eras o meu heroi, o meu idolo.

Porque me culpavas tu dos teus erros, quando eu te amava tanto.

Agora é tarde, tarde demais, mas eu sei que estejas onde estiveres, serás sempre o meu heroi.

Nunca vi a tua lápide, porque me angustia pensar que estás debaixo dela, mas a maior homenagem que te presto, é lembrar-te todos os dias da minha vida, tal e qual como se continuasses aqui.
(Xena)

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